![\"Ia](\"https:\/\/www.nucleobike.com.br\/wp-content\/uploads\/2015\/06\/ode-a-bicicleta.jpg\")
<\/p>\n<\/p>\n
Ia pelo caminho calorento,<\/p>\n
O sol como um milharal em chamas<\/p>\n
E a terra um infinito c\u00edrculo caloroso com o c\u00e9u azul em cima, desabitado.<\/p>\n
Passaram junto a mim as bicicletas,<\/p>\n
\u00danicos insetos daquele minuto seco do ver\u00e3o,<\/p>\n
Furtivas, velozes, translucidas parecendo s\u00f3 movimentos de ar.<\/p>\n
Os trabalhadores e as garotas pedalavam para as f\u00e1bricas,<\/p>\n
Entregando seus olhos ao ver\u00e3o,<\/p>\n
E suas cabe\u00e7as ao c\u00e9u,<\/p>\n
Sentados nas asas das vertiginosas bicicletas<\/p>\n
Que assobiavam cruzando pontes, rosais, arbustos ao meio dia.<\/p>\n
Pensei neles \u00e0 tarde,<\/p>\n
Talvez, depois do banho, cantem, comam e brindem o amor e a vida com uma<\/p>\n
ta\u00e7a de vinho.<\/p>\n
E, \u00e0 porta, esperando, a bike im\u00f3vel porque s\u00f3 de movimento foi sua alma,<\/p>\n
E ali, ca\u00edda n\u00e3o \u00e9 inseto transparente que viaja no ver\u00e3o,<\/p>\n
Mas estrutura fria que sozinha recupera um corpo errante<\/p>\n
Com a urg\u00eancia e a luz,<\/p>\n
Ou seja, com a ressurrei\u00e7\u00e3o de cada dia.<\/p>\n
(Pablo Neruda, 1956)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Ia pelo caminho calorento, O sol como um milharal em chamas E a terra um infinito c\u00edrculo caloroso com o c\u00e9u azul em cima, desabitado. Passaram junto a mim as bicicletas, \u00danicos insetos daquele minuto seco do ver\u00e3o, Furtivas, velozes, translucidas parecendo s\u00f3 movimentos de ar. Os trabalhadores e as garotas pedalavam para as f\u00e1bricas, […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":158,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[2],"tags":[3,11],"yoast_head":"\r\n